Amigo leitor, em algumas unidades prisionais da Noruega, o conceito de prisão modelo é levado ao extremo. Características do sistema penitenciário local como prisões para poucos detentos, estímulo ao trabalho, instalações carcerárias adequadas e projetos de ressocialização do sentenciado fazem algumas prisões chegarem a ser comparadas com hotéis.
Uma das mais famosas sem dúvida é Halden, que já foi chamada pela imprensa europeia de “a prisão mais humana do mundo”. Ela é a menina dos olhos do programa norueguês de encarceramento, que se diz focado na “reabilitação” dos presos e não em sua “punição”.
Nessa prisão não há celas superlotadas. Na verdade, os detentos ficam em quartos individuais – equipados com televisor, frigobar, escrivaninha e banheiro privado. Nas janelas não há grades, mas sim uma vista para um bosque próximo ao complexo.
Ela abriga criminosos considerados perigosos – condenados por crimes como homicídio, tráfico de drogas e violência sexual – e está longe de ficar superlotada: foi projetada para abrigar cerca de 250 detentos (e dificilmente atinge essa marca) e tem quase 350 funcionários para cuidar deles.
A comparação com um hotel é comum, mas irrita boa parte dos presos. Semelhante ao que ocorre nas Apacs brasileiras (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), apenas sentenciados que já estiveram em outras prisões dizem sentir-se felizardos por estar lá.
Por causa dos altos índices de reincidência, o modelo que ressocializa ao invés de apenas punir pode acabar sendo um investimento que compense, e que, por isso, mereça ser considerado.